Showmanship x Salesmanship: A diferença entre vender agora e vender sempre
Quando a discussão sobre o figurino dura mais que a discussão sobre a música, quem perde é a margem de lucro.
As agências de publicidade modernas foram construídas em torno de duas figuras chave: alguém que escreve muito bem (o Redator) e alguém que desenha muito bem (o Diretor de Arte).
Esse é o DNA das agências e, por isso, até hoje, campanhas são criadas e aprovadas a partir de textos e de desenhos. Seja num storyboard na parede ou num PDF projetado na sala de reuniões. O cliente "vê" os filmes quadro a quadro. As imagens estão ali, visíveis e mudas. Os títulos e os textos estão ali, visíveis e mudos.
Onde foi parar a música?
Não dá para colocar uma partitura num PowerPoint e esperar que o cliente entenda a emoção. Não dá para "ler" um timbre em uma planilha. Por uma limitação do formato de venda, a música já nasce em desvantagem: ela é invisível.
O resultado prático disso a gente vê em reuniões de pré-produção como uma que tivemos há alguns dias: se discutiu por 40 minutos a cor da jaqueta do ator, e a trilha sonora virou uma linha com 20 palavras no rodapé do cronograma. Não é uma queixa, é um fato.
O Preço do Silêncio no PDF
Essa negligência histórica cobra um preço, e esse preço é alto. O estudo clássico do IPA DataBANK, analisado no paper The Power of Music , mostra que comerciais de TV que usam a música de forma estratégica são 20% a 30% mais eficazes em gerar resultado$ de negócio.
Ou seja: aquela discussão interminável sobre o figurino (que impacta pouco o ROI) roubou o tempo da discussão sobre a música (que aumenta o ROI em até 30%).
E aqui a gente acha que faz sentido falar na tensão entre Salesmanship (a venda racional, visual, imediata) e Showmanship (o espetáculo, a emoção, a música).
O Teste do Brigadeiro
Satisfazer o desejo de venda imediata a qualquer custo, ignorando a construção emocional da marca, é fazer como aquela criança que rouba o brigadeiro antes do parabéns. Mata a vontade na hora, mas termina tirando a graça da festa.
Apostar numa satisfação maior, que constrói valor amanhã enquanto vende hoje, é coisa de gente grande.
O relatório The Creative Dividend, da System1 e Effie, prova que a maturidade paga bem. A Qualidade Criativa (Showmanship) é um multiplicador de lucro 12 vezes maior do que apenas acertar o target.
O mesmo relatório tem um dado ainda mais cruel para o pessoal que é fã de brigadeiro roubado: anúncios focados apenas em venda racional, sem emoção (os chamados "Dull ads"), convertem 27% menos 3 do que aqueles que entretêm. Ou seja: na pressa infantil de vender, você vende menos agora e não constrói nada para depois. Pode dar ruim.
O Fim dos Diferenciais Objetivos
Pense: no fim das contas, todo produto tende a virar commodity.
A especificação técnica do seu concorrente vai empatar com a sua. O preço vai ficar parecido. A entrega vai ser igual. O prazo pra pagar idem. O que sobra são os diferenciais subjetivos.
Como a marca faz você se sentir? Que memórias ela evoca? Que emoções ela transmite?
Dá para contar nos dedos de uma mão as agências que têm compositores nas suas equipes. É por isso que, na hora do aperto, é tão comum recorrer ou à música feita às pressas e sem verba, ou à insossa e branca, ou à IA modernosa e genérica.
Lembre, está provado: música exclusiva e muito bem feita pode turbinar campanhas e transformar um produto igual aos outros em uma marca única.
O Jeito Jinga: Som para Gente Grande
A Jinga existe justamente para preencher essa lacuna histórica das agências. Nós somos, com muito orgulho, o "terceiro elemento" das duplas de criação que nos escolhem.
Fugir da música "papel de parede" não é preciosismo artístico. É estratégia de sobrevivência. É garantir que, quando o diferencial objetivo do seu cliente desaparecer (e ele vai desaparecer), a marca vai continuar de pé, sustentada pela emoção que construiu compasso a compasso ao longo do caminho.
Se você quer vender hoje e construir para amanhã, pare de tratar o som como detalhe de pós-produção. Música importa.
"Music and film are inseparable. They always have been and always will be.”
— Martin Scorsese
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